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Por uma cultura do diálogo

Diálogo versus Cancelamento

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Hoje vivemos a cultura do cancelamento. Para quem não sabe, cancelamento é quando uma pessoa faz algo considerado inaceitável e a internet a silencia e pune.


Há mais de 10 anos tenho ajudado as pessoas a encontrar sua voz e falar sua verdade. E cada vez mais, percebo o quanto está difícil falar sobre aquilo que se acredita, e o quanto as pessoas reproduzem roteiros prontos e “socialmente aceitos”, por medo e insegurança.


Obviamente, não estou dizendo que as pessoas tem o direito de serem violentas e preconceituosas em seus discursos. Aqueles que falam ilegalidades e absurdos tão graves que não se pode deixar passar devem, sim, ser punidos. Apenas questiono a forma como essa punição, o tal cancelamento, vem sendo utilizado por impulso e sem reflexão. Questiono o que isso gera de consequência para todos nós que temos uma voz e, principalmente, para aqueles que talvez tenham apenas cometido um erro.


Na nova era da caça às bruxas, pessoas têm suas vidas inteiras destruídas por conta de um post inapropriado ou por ter se comportado de maneira inadequada em alguma ocasião, mesmo que sem perceber. Aqui mora o problema! Com medo de ser cancelado, nós só falamos aquilo que temos certeza que será aceito.


E assim, criamos uma sociedade sem diálogo, sem capacidade de resolver problemas, sem criatividade para novas soluções. Responder uma fala violenta com mais violência não ensina nenhuma sociedade a ser melhor. Porque sim, esse é o desejo dos defensores do cancelamento: promover uma sociedade mais correta.


Acontece que o mundo não é preto e branco, certo e errado, de acordo com tudo que você acredita. Ninguém é dono do manual de comportamento ideal do ser humano.


Portanto, antes de lançar a próxima pessoa a fogueira, condenar um pássaro a se alimentar do fígado dela pela eternidade, ou banir Romeu de Verona, talvez seja melhor criticar atitudes, condenar atitudes quando necessário, mas não condenar pessoas.


É preciso saber dialogar. O diálogo coloca em contato diferentes ideias, é uma forma de fazer circular sentidos e significados. Ele fortalece vínculos e compreensões. Essa cultura precisa ser estimulada para que voltemos a nos sentir seguros para dar lugar as nossas vozes. A insegurança nos coloca na defensiva, e portanto, atacamos. E o ciclo de violência não tem fim.


Dialogar não é fácil. Falar sobre algo que acreditamos com alguém que pensa o oposto é exaustivo, é desafiador, muitas vezes enfurece, mas nos faz aprender. E desenvolve o elemento mais importante da comunicação, a escuta. Para alem das palavras é preciso escutar o contexto, a intenção.


Repito: não é fácil. Porém, poder dialogar é um privilegio! Lembre-se que, para muitos, não é, realmente, seguro falar. Portanto, se você é um dos privilegiados, você tem uma responsabilidade.


Eu tive a sorte de estudar com a mais importante preparadora vocal do mundo, a Cicely Berry. A frase preferida dela é de uma peça de Thomas Kid: “Onde a palavra prevalece, a violência não prevalece”. Eu acredito plenamente nisso.


E você? O que acha?





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© 2020 por Marcela Grandolpho

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